No passado dia 31 de Outubro, véspera de feriado de Todos os Santos e noite de Halloween por excelência, o palco do Lisboa ao Vivo transformou-se num verdadeiro ritual metálico: três gerações de som pesado, unidas pela escuridão e pela celebração. Com os portugueses Sinistro, os suecos Dark Tranquillity e os anfitriões da noite, os lisboetas Moonspell, entregaram-se a uma festa espetacular intitulada Halloween United 2025 que mais do que a chuva forte que desabou em Lisboa, lavou a alma de todos que encheram a maior sala do LAV.
SINISTRO
Às 20h30 em ponto, a banda portuguesa Sinistro ingressou no palco de um LAV já bem preenchido, incumbida de iniciar o ritual, e o fez com uma presença que variou entre o hipnótico e o devastador.
A banda lisboeta, há muito reconhecida pela sua mistura singular de doom, post-metal e melancolia cinematográfica, mostrou mais uma vez porque é uma das melhores bandas da enorme cena de metal portuguesa Desde o primeiro acorde, Sinistro imergiu o público em uma atmosfera sombria, envolta em camadas de guitarras robustas, ritmos pausados e um vocal poderoso e espetacular de Priscila Da Costa, com uma apresentação teatral, a cantora guiou o público através de canções que ecoam como mantras de dor e libertação, exibindo total controle sobre o palco, sem recorrer a excessos. Foi uma performance intensa, contida e profunda.
Cantando totalmente em portugues, os Sinistro cria uma identidade própria enorme e que cativa de imediato qualquer ouvinte atento, o publico , respondeu com respeito e atenção em um estado contemplativo digerindo toda a qualidade de um show potente e que esquentou mais ainda o LAV que teve alguns problemas com o ar condicionado.
Uma nota de pesar, infelizmente devido à chuva e o trânsito já habitual de Lisboa em uma sexta-feira, o nosso fotografo não conseguiu chegar a tempo de fotografarmos a banda, esperamos fazê-lo num futuro próximo.
DARK TRANQUILITY
Se os Sinistro abriram o ritual com neblina e misticismo, os Dark Tranquillity foram o clarão: um furacão melódico vindo do norte que transformou o Lisboa ao Vivo num vórtice de pura energia. Na noite de Halloween, o ambiente já estava carregado e bastou a introdução épica para que o público que nesta altura já tomava conta de toda a sala do LAV entrasse em delírio.






Com mais de três décadas de carreira, os suecos mostraram que continuam a ser uma força dominante e viva do death metal melodico. A execução foi precisa e cirúrgica, mas também emocional, um equilíbrio que poucas bandas dominam tão bem. Mikael Stanne, como é habitual, foi o maestro do caos, sempre carismático, comunicativo e visivelmente feliz por estar em Lisboa. Entre sorrisos e gritos, conduziu o público numa viagem que cruzou clássicos e novas composições, sempre com aquela intensidade contagiante que faz dos Dark Tranquillity o que são mestres em equilibrar melodia e fúria em perfeita harmonia.
A banda, que no ano passado lançou o seu mais recente trabalho, Endtime Signals, o décimo terceiro álbum dos suecos e o primeiro sem o guitarrista Christopher Amott, contou com duas faixas no alinhamento: “Not Nothing” e “Unforgivable”, um dos destaques do álbum, sem dúvida. Os suecos tocaram praticamente todos os álbuns da banda: Moment, Fiction, Atoma e Projector. No entanto, as músicas que mais se destacaram foram, as dos clássicos da banda: “Character” e “The Gallery”, com sete músicas no total.







Visualmente, o espetáculo foi uma tempestade de luzes e sombras, alternando entre tons frios e vermelhos intensos, refletindo na perfeição a dualidade que a banda sempre explorou, a mescla entre a beleza e brutalidade. Na reta final, depois de Mikael Stanne dar uma de maestro e conduzir o coro do publico em “Therein”, um dos momentos mágicos desta noite, deu tempo ainda do frontman agradecer aos amigos do Moonspell e a bela cidade de Lisboa pela receção incrivel com promessa de que os Dark Tranquility voltam em breve.
MOONSPELL
Perto das 23h a alcateia fãs do Moonspell já se exprimiam por um lugar em um Lisboa ao vivo cheio e calorento. Fernando Ribeiro e companhia provaram, mais uma vez, porque continuam a ser a força mais icónica do metal nacional, conduzindo o público por um espetáculo denso, teatral e profundamente emocional.
Celebrando trinta anos do classico álbum de estreia “Wolfheart”, a banda tocou o debut na integra relembrando verdadeiras obras de arte, começando os trabalhos logo com a trinca inicial “Wolfshade (A Werewolf Masquerade)”, “Love Crimes” e “”…Of Dream and Drama (Midnight Ride)” que certamente levaram todo o publico presente de volta para 1995 onde surgiria o maior expoente do metal portugues.





Fernando Ribeiro surgiu como o mestre de cerimónias que todos esperavam, sempre com sua presença imponente, voz grave e aquela mistura entre elegância e brutalidade que ele domina, a banda como um todo soou afiada, coesa e com uma entrega total demonstrando todo o seu entrosamento entre eles e com a alcateia presente que se deliciava com musicas como “”Trebaruna” ou “Alma Mater” uma das mais celebradas e cantadas a plenos pulmões. Um dos pontos altos do concerto foi a incrivel participação de Eduarda Soeiro vocalista dos Glasya que subiu ao palco para abrilhantar mais ainda o dia nas musicas “Vampiria” e “An Erotic Alchemy” ao lado de Fernando Ribeiro.
Foi uma noite memorável para os fãs de Moonspell e para o metal português em geral, a banda evidenciou por que é vista como líder em seu gênero em Portugal entregando doses cavalares de emoção, interação com o público e um ambiente que se adequou perfeitamente ao Halloween. Foi muito mais do que apenas um show, foi uma noite especial de celebração e que demonstra cada vez mais a força e o poder do metal portugues tanto pelas bandas como pelo publico fiel.






Artists: Dark Tranquility

