Rebeldia e Resistência: O Punk Feminino na ADF
Rebeldia e Resistência: O Punk Feminino na ADF

Rebeldia e Resistência: O Punk Feminino na ADF

A ADF em Lisboa foi palco, no dia 23, para três bandas lideradas por mulheres que mostraram o punk na sua essência. Black Joke, Verme e Anti-Corpos foram os responsáveis pela tarde de apresentações, que teve início por volta das 16h30 e se estendeu até o começo da noite.


O dia cinza e frio deu espaço para um ambiente cheio de entrega e muita energia, todos que estavam ali foram responsáveis pelo clima amigável e intimista, o que acabou tornando as apresentações muito mais intensas.

Black Joke

A primeira banda a subir ao palco foi a Black Joke, com uma presença de palco marcante, críticas sociais bem acentuadas e um som mais melódico se comparado às outras duas bandas que viriam a seguir. Entregaram uma apresentação enérgica e interativa. A setlist apresentada foi de 8 músicas, entre elas I Wanna Live, I See Destruction e Sad Routines.

Verme

Os segundos a tocar foram a Verme, banda de crust punk que se destacou por um som mais “sujo”, pesado e rápido, com características do hardcore e do metal, vocais rasgados e guturais. A presença de palco foi intensa e, durante sua setlist, apresentaram 10 músicas, entre elas: Podridão, Abutres e Angústia.

Anti-Corpos

A terceira e última banda a se apresentar foi a Anti-Corpos, composta integralmente por mulheres. Banda brasileira feminista que trouxe o Queer Feminist Noisy Punk. Com 20 anos de carreira, a banda, que vive em Berlim, veio para Portugal divulgar seu mais novo trabalho Blacklash, e este foi o último show da mini
tour por aqui.


Antes de cada música, a vocalista falava sobre o assunto que seria abordado, citando temas como a cena punk de Berlim e seus preconceitos, homofobia, intolerância, machismo e abusos. Em uma de suas falas, ela abordou o quanto todo mundo ama falar do punk, mas o quanto é um ambiente cheio de abusadores
também, e quantas mulheres e pessoas queer saíram dessa cena por não se sentirem seguras, além de quantos homens permanecem nela mesmo tendo atitudes como essa. Ela faz um apelo para todos que estavam presentes, para que não compactuem com cenas como essa, que todos possam ter espaço nesse meio, e ainda citou a escassez de bandas punk lideradas por mulheres.


Com letras bem interventivas e críticas, o Noise Punk que carrega como estilo mistura agressividade, barulho e distorção, entregando um som cru e caótico, que acaba sendo mais sobre intensidade e energia do que melodia em si. A setlist da banda contou com músicas como I Refuse, Polícia Genocida, Aos
Machos e Blacklash.


As mulheres na cena punk foram essenciais para transformar o movimento em um espaço de resistência e empoderamento. Como disse Kathleen Hanna (Bikini Kill):

“Quero fazer uma revolta contra um sistema podre”.

Artist: Anti-Corpos

Photographer: Francisco Moura

Reviewer: Larissa Schoof

Venue: ADF

City: Lisboa

Country: Portugal

Artists: Anti-Corpos