No passado dia 15 de julho, estivemos no RCA Club em Alvalade para mais um bailarico em grande nível, marcando a estreia da banda norte-americana Authority Zero que prometia ser uma simples noite de punk rock revelou-se uma celebração intensa de energia, atitude e paixão pela música pesada. Com um line-up que uniu a força internacional dos norte-americanos Authority Zero e o peso representativo do underground português, com as bandas Suspeitos do Costume e M.E.D.O o concerto foi mais do que memorável — foi catártico.
M.E.D.O.
As 21 horas em ponto a banda de Faro subiu ao palco do RCA com um público ainda tímido e a chegar no recinto e não se fez de rogado, desceram toda a intensidade, energia que os M.E.D.O. já nos tem acostumado. Defendendo o seu mais recente álbum Medo, Sangue e Suor lançado no ano passado, e inserindo todos os clássicos já conhecidos da banda dos seus álbuns anteriores Monopólio da Violência, o Produto somos nós e Medocracia sempre com letras diretas, fundamentais e sem massagem.
Foram 30 minutos em grande, com o vocalista Ricardo Catarro a ditar o ritmo de forma brutal mandando mensagens como “Não existe cena, sem as bandas locais” sem filtros nem concessões e que recebeu de imediato apoio do público presente e que faz todo o sentido. A verdade é que os M.E.D.O. em trinta minutos esquentou mais ainda aquela terça-feira que já era quente e como sempre representou a cena de forma magnifica.
Suspeitos do Costume
A segunda banda da noite a subir ao palco do RCA Club foi a banda, Suspeitos do Costume diretamente de Odemira para Lisboa já começaram com a mesma urgência e intensidade que sempre os definiu. Com a casa um pouco mais cheia, a banda mostrou que continua a ser uma referência incontornável no underground português, com atitude, crítica social e um som que equilibra de forma primorosa peso e melodia.
A atuação foi curta, direta ao assunto e sem rodeios como manda a cartilha do punk. Músicas como “Remar contra a maré” e “Momentos” esta do álbum homónimo mais recente lançado em 2023, puseram o público em movimento, com rodas e coros a marcar presença logo nos primeiros acordes. Houve espaço para mais temas mais recentes, como “Um corpo a quebrar” e “Consciência” onde a banda reforça a sua visão do mundo moderno desigual, hipócrita e em constante colapso, vale sempre a pena conferir.
No meio da noite, os Suspeitos lembraram porque continuam a ser uma das vozes mais relevantes do punk em Portugal. Sem floreados, sem pose, apenas direto e reto como deve ser.
Authority Zero
Depois de mais de duas décadas de carreira, os norte-americanos Authority Zero finalmente pisaram solo português e não desapontaram. A estreia da banda no RCA Club, em Lisboa, na noite de 15 de julho de 2025, sem duvidas ficará marcado e foi tudo aquilo que os fãs esperavam: energia, suor, interação e um desfile de hinos que misturam punk rock, reggae, ska e hardcore melódico com a autenticidade que só a banda do Arizona sabe produzir.
Desde o primeiro acorde, ficou claro que o quarteto veio decidido a cativar todos os presentes, Jason DeVore, carismático e incansável na entrega, mesmo com um dos pés imobilizado transformou o palco numa extensão da sua alma punk, conectando-se com o público de forma imediata. Entre gritos, palmas e mosh pits constantes, canções como “A Passage in Time”, “Revolution” e “One More Minute” incendiaram a plateia — que respondia com entusiasmo genuíno, cantando os refrões a plenos pulmões.
O set passou com fluidez por várias fases da carreira da banda, com espaço para os temas mais recentes de “Ollie Ollie Oxen Free”, mas sem esquecer os clássicos que definiram o som único dos Authority Zero. As transições entre o peso do hardcore melódico e as levadas ska/punk foram feitas com mestria, provando por que motivo continuam relevantes e respeitados dentro da cena, muito pela sua forte identidade.
Num momento especialmente simbólico, Jason agradeceu aos presentes por décadas de apoio, mesmo à distância, dizendo: “Esperámos muito por este momento. E agora que aconteceu, vamos querer voltar sempre.” E, pelo clima dentro do RCA, é seguro dizer que Lisboa os receberá sempre de braços abertos.
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