Concerto de Lançamento dos Hetta: Uma Celebração da Nova Música Portuguesa
Concerto de Lançamento dos Hetta: Uma Celebração da Nova Música Portuguesa

Concerto de Lançamento dos Hetta: Uma Celebração da Nova Música Portuguesa

Os Hetta acabam de lançar o álbum de estreia, “Acetate”, mantendo a sua habitual energia sonora intensa e eletrizante. Para assinalar este lançamento, a banda realizou um concerto de apresentação com um alinhamento de luxo, digno da celebração. Na noite de 4 de dezembro, a Casa Capitão, ela não foi abaixo por muito pouco.

PRADO

Esta grande noite teve início com os Prado, uma banda recente que, apesar de se encontrar apenas no começo da carreira, já demonstra passos largos na sua trajetória musical. Ainda sem material lançado, mas com expectativas altas para novidades em breve, os Prado apresentaram-se ao vivo como uma banda Skramz, uma variante moderna do Screamo. O grupo conta com as vocalistas Didi e Mati que, em sintonia, partilham berros potentes e marcantes, acompanhadas pelo baixista Zé, o guitarrista Vouga e o baterista Patrício. Desde o primeiro minuto, a energia foi contagiante e em trinta minutos, proporcionaram tanto momentos explosivos que fizeram o público jovem mexer-se, como trazendo instantes introspetivos para sentir a música com profundidade. Prado revela grande potencial para manter uma cena genuína e, ao mesmo tempo, criativa no rock português. Se gostam de Post-Hardcore, mosh e crowd surf, os Prado são uma banda a não perder.

REIA CIBELE

Considerados já uma banda de culto em Portugal, os Reia Cibele são outro quarteto Skramz que, apesar de terem apenas um EP e alguns concertos intensos no currículo, são um verdadeiro tesouro para quem aprecia música ao vivo. Bruno (voz), Vasco (bateria), Micas (baixo) e Martim (guitarra) demonstram paixão por tocar e por criar um ambiente inclusivo, respeitador e inesquecível. Desde a primeira à última música, banda e público mantiveram uma ligação vibrante, com fãs a cantar letras de cor, como a “Lótus”, “Ego/Cristal”, enquanto sucede uma chuvada de stage dive. Um dos pontos altos foi um cover inesperado de “Chamber of Reflection” de Mac de Marco, marcada com tremolo picking e boa disposição por todos. Acabando o concerto com a “31039 ORI”, o aquecimento para os Hetta já estava bem feito. Soube bem revoltar a rever esta banda, porque Reia Cibele é uma banda especial e merece todo o carinho do mundo.

CAVE STORY

Após a energia caótica, os Cave Story trouxeram um momento de acalmia e doçura ao palco. Com Gonçalo Formiga (voz/guitarra), Bia Mendes (baixo), Ricardo Mendes (bateria) e Zé Maldito (guitarra), a banda proporcionou uma viagem ao passado, repleta de ternura e nostalgia. O seu som dançável e cativante fez lembrar uma viagem de verão com amigos, repleta de boas memórias. O concerto começou com temas mais recentes como “The Town”, “Critical Mass” e “Ice Sandwich”, e terminou de forma animada com músicas como “Offered Forms of Escape”, “Some More Bodies”, “Special Diners” e “Hair”. O resultado foi um concerto marcado pelo prazer da vida e saber apreciá-la.

HETTA

No encerramento da noite, os Hetta, oriundos do Montijo, trouxeram toda a sua potência para o palco com Alex Domingos (voz), João Pires (guitarra), João Portalegre (bateria) e Simão Simões (baixo). O concerto iniciou-se com “Fire the Choir”, gerando imediatamente uma onda de stage dive e mosh que se manteve-se sempre ativa. Para um grupo que não se caracteriza com um género específico, a proficiência e sintonia de todos a criar caos, não só faz sentido, como é muito bem expressa por todos. Ao longo do concerto, nunca faltou incentivos do Alexandre a divertirem-se em harmonia e motivar as pessoas a serem criativas, para que se possa haver um futuro promissor. Assistir a Hetta ao vivo é uma experiência intensa, com Alexandre a cantar enquanto sobrevoa o público, acompanhado por outros a saltar do palco. O alinhamento incluiu praticamente todo o álbum, culminando com o single “Ritalin Kid”, que serviu de despedida para esta estreia e uma catarse lógica desta noite.

Este concerto foi mais do que a celebração do álbum de estreia dos Hetta: foi, acima de tudo, uma homenagem à nova vaga de músicos portugueses, cheios de vontade de se expressar e de transmitir sentimentos. Todas as bandas presentes incentivaram o público a sentir, criar e procurar algo capaz de cativar o mundo, num momento em que tal não tem sido tarefa fácil.
É importante termos mais bandas e bons modelos para que todos possam aproveitar o melhor da vida, nunca sós e acima de tudo, ser genuíno.

Artist: Hetta

Photographer: Joāo Ribeiro

Reviewer: Francisco Moura

Venue: Casa Capitāo

City: Lisboa

Country: Portugal

Artists: Hetta