Em uma chuvosa noite de segunda-feira, pouco convidativa para um show, Geoff Tate
brindou os fãs de metal e rock de Lisboa com a The Big Rock Show Tour no RCA Club —
palco do encerramento da turnê. Acompanhado por uma banda fenomenal e esbanjando
carisma e presença de palco, ele prometeu uma noite de clássicos — e cumpriu essa
promessa com maestria!
Com uma carreira de mais de quatro décadas, Geoff Tate se consagrou como uma das
vozes mais icônicas do metal progressivo. Ex-vocalista do Queensrÿche, banda que ajudou
a definir o gênero nos anos 80 e 90, ele foi aclamado por sua técnica vocal única e
interpretações intensas. Após sua saída do grupo, Tate seguiu uma bem-sucedida carreira
solo e também colaborou com bandas como Avantasia. Agora, com a The Big Rock Show
Tour, ele revisitou hinos que marcaram gerações, levando os fãs a uma verdadeira viagem
no tempo.
Josh Watts (Ivory Lake)
Antes de Geoff subir ao palco, Josh Watts (Ivory Lake) teve a missão desafiadora de
entreter um público ansioso pelos grandes sucessos do metal dos anos 80. Com sua bela
voz e uma guitarra acústica, ele conquistou os presentes com um talento inegável.
Quando os membros da banda começaram a entrar no palco, tocando o icônico hit ‘Empire’,
do álbum homônimo do Queensrÿche (1990), ficou claro para o público que a noite
começava de forma impactante. A sequência seguiu com mais três faixas: “Desert Dance”, ”I
Am I” e ”Sacred Ground”. No entanto, confesso que não me empolgaram tanto, pois, em
minha opinião, essas músicas estão distantes do que eu considero a ”era de ouro” do
Queensrÿche, formada por álbuns como The Warning (1984), Rage for Order (1986),
Operation: Mindcrime (1988) e Empire (1990).
Geoff Tate
Logo depois, Geoff surge com seu saxofone, deixando o público ainda mais entusiasmado
com o que estava por vir. Após uma breve demonstração desse outro talento, ele anuncia a
música “The Thin Line”, uma balada que mistura de forma interessante metal progressivo e
rock alternativo, evidenciando a versatilidade musical do vocalista.
A noite começou a esquentar quando a banda avançou ainda mais na máquina do tempo,
executando uma tríade de sucessos do álbum Operation: Mindcrime (1988): “Operation:
Mindcrime”, “Breaking the Silence” e “I Don’t Believe in Love”. Nesta última, Geoff aproveitou
para descansar a voz nos refrões, já que o público soube ajudá-lo muito bem. Para mim, foi
um dos momentos mais emocionantes do show, não só porque é uma das minhas músicas
favoritas do Queensrÿche, mas também porque era nítida a expressão de emoção e
gratidão de Geoff ao ver o público cantando junto, demonstrando todo o seu
reconhecimento.
Na sequência, tivemos “NM 156” e “Screaming in Digital”. Nessas duas faixas,
principalmente na primeira, é possível perceber as influências tecnológicas e futuristas que
marcaram a banda da qual Geoff fez parte por décadas. Após essas apresentações, o
artista fez um breve discurso, com tom engraçado, sobre sua paixão por esses temas e
sobre vivermos em um mundo tão conectado.
Também tivemos o equilíbrio perfeito entre o som intenso e pesado de ‘Walk in The
Shadows’, a vibe melódica e progressiva de “Another Rainy Night (Without You)” e a emotividade contagiante e energética de “Jet City Woman”, que trouxe uma atmosfera única
e envolvente.
Na sequência, Geoff anunciou que começaria a apresentar algumas das músicas que ele
considera mais especiais, iniciando justamente com a icônica ‘Silent Lucidity’, que
atravessou gerações. Geoff, então, aproveitou para comentar que vários fãs relatam que
essa música serviu de trilha sonora para momentos importantes, como casamentos, funerais
e até concepção de crianças — incluindo duas de seus próprios filhos.
Geoff Tate e sua banda também nos brindaram com um cover do Pink Floyd. Tanto a voz de
Tate quanto a performance da banda se encaixaram perfeitamente na execução de
‘Welcome To The Machine’.
Para encerrar a noite, não poderiam faltar dois grandes clássicos que marcaram os
primeiros anos de carreira do Queensrÿche: “Take Hold of the Flame” e a música que
inspirou o nome da banda, “Queen Of The Reich”.
Por fim, só posso dizer que o show foi incrível e memorável. Apesar de ser uma pessoa que
nasceu na década de 90, sou uma grande admiradora do Queensrÿche e de Geoff Tate em
todos os projetos nos quais ele participa, e o impacto das suas canções é inegável. A
energia do metal daquela época, com suas letras profundas e sonoridade única, continua a
ressoar com força. É justamente essa atemporalidade que faz com que shows como o de
Geoff Tate se tornem verdadeiros marcos, conectando gerações e mantendo viva a magia
do metal clássico.
Geoff Tate Lista de músicas
Local do evento: RCA Club, Lisbon
Conjunto:
- Empire
- Desert Dance
- I Am I
- Sacred Ground
- The Thin Line
- Operation: Mindcrime
- Breaking the Silence
- I Don't Believe in Love
- NM156
- Screaming in Digital
- Walk in the Shadows
- Another Rainy Night (Without You)
- Jet City Woman
- Silent Lucidity
Mais:
- Welcome to the Machine
- Take Hold of the Flame
- Queen of the Reich
Artists: Geoff Tate