No passado domingo, dia 11 de abril, os californianos dos Bad Religion estiveram na Sala Tejo em Lisboa para celebrar os seus 45 anos de banda, bem vividos diga se de passagem. Como toda a celebração exige, houve convidados especiais, muita gente presente, cervejas e música boa, o quinteto veterano trouxe consigo na bagagem nada mais que Agnostic Front ícones de Nova Iorque, Strung Out lendas do hardcore melódico californiano, Belvedere diretamente do Canada, Crim da Catalunha e os portugueses míticos dos Trinta & Um.
Posto isto estamos a falar de um festival completo, com mais de seis horas de hardcore e punk num ambiente fantástico que estava cheio na medida certa, de salientar a pontualidade da organização relativamente aos horários dos inícios dos concertos.
CRIM
Pontualmente as 17:10 os espanhóis do Crim banda formada em 2011, originária de Tarragona, Catalunha subiram ao palco de uma Sala Tejo ainda vazia, com as pessoas a chegar, ainda a ocupar o seu espaço a banda não fez feio e mandou o seu punk-rock cheio de potência e atitude, certamente quem conseguiu estar presente nesta altura gostou do que viu.






BELVEDERE
Uma das bandas mais importantes do hardcore canadense, o Belvedere adentrou o palco da Sala Tejo já com um publico bem composto , muitos dos que falamos estavam mesmo ansioso por ver a banda estrear em solo Portugues.
E a espera valeu a pena quando começaram os primeiros acordes de “Two Minutes for Looking So Good” já começaram ainda que timidamente os primeiros circle pit, os canadianos souberam usar bem os seus 40 minutos com músicas diretas e usando quase sempre as mais pesadas como “Elephant March” que nesta altura levantou todo o público que estava de frente ao palco, cantando a plenos pulmões, seguido de “Closed Doors” outra que agitou totalmente aumentando o circle pit e contagiando todo o ambiente.
Dando muito destaque ao seu álbum de maior sucesso, Twas Hell Said Former Child lançado em 2001 eles tocaram cinco músicas deste trabalho, além da abertura ainda deu tempo de conferir as ótimas “The Only Problem With Wishful Thinking”, “Excuse Me, Can I Use This Chair?” e encerram com “Brandy Wine” esquentando o clima para o que viria pela frente.





TRINTA & UM
“Nos somos os Trinta & Um de Linda-a-Velha” assim começou por dizer o frontman Goblin, aqui já tínhamos a casa quase cheia e como é bom poder ver o público português a saldar uma das mais importantes e fundamentais bandas de punk hardcore deste País.
Com muita atitude o quarteto jogou em casa com a torcida a seu favor e desfilou, se um dia antes no derbi lisboeta não houve vencedores , no domingo a tarde os Trinta & Um venceram de goleada com classicos como “Não Há Regresso”, “L.V.H.C” e “Devo Ódio Ao Mundo” não houve uma viva alma que ficou parada na Sala Tejo.




STRUNG OUT
Aqui esta uma banda que há muito tempo queria ver ao vivo , Strung Out banda formada em 1991diretamente de Simi Valley, Califórnia que entrega uma sonoridade calcada em um hardcore melódico, ao mesmo tempo que consegue inserir elementos de heavy metal.
O quinteto apresentou um concerto bem coeso , tocando praticamente musicas de todos os seus trabalhos , dando mais atenção naturalmente a dois álbuns Twisted by Design lançado em 1998 e aclamado por publico e critica e Exile in Oblivion de 2004 cada um com 3 musicas presentes como a que abriu as festividades “Too Close to See” ou “Exhumation of Virginia Madison” que veio logo a seguir.
Entregando um equilíbrio brutal entre peso e melodias a banda animou e deu inicio ao festival imparável de “crowd surfing”, “circle pit” e “mosh pit” principalmente quando eles tocaram um pedaço de “Walk” do Pantera. Continuaram a vir os petardos “Blueprint of the Fall” e “No Voice of Mine” que incendiaram ainda mais o ambiente e foi assim até o final épico com “Matchbook” que deixou bem claro que os Strung Out serão muito bem vindos no futuro em Portugal.





AGNOSTIC FRONT
Importante frisar que outra banda além do Bad Religion também esta a celebrar incríveis 45 anos de vida, estamos falando dos Godfathers do hardcore nova-iorquino, o inimitável Agnostic Front capitaneado por duas lendas, o carismático guitarrista Stigma e o vocalista Roger Miret.
Pois é meus amigos, quando o Agnostic Front subiu ao palco, a Sala Tejo já estava ao rubro e ainda não eram nem 21horas. Com um line-up curto, direto e sem massagem, a banda começou os serviços com “My Life My Way” seguido por “For My Family” e aí o clima hostil no melhor sentido da palavra ficou imparável, mais um festival de “crowd surfing”, “circle pit” e “mosh pit” e aqui só acabaria na última música.
Era notável em alguns momentos a voz de Roger Miret enfraquecida, mas não podemos esquecer a luta que ele esteve com um cancro em 2021 e que felizmente esta completamente curado e mais do que isso em cima do palco agitando e cantando sem parar cheio de atitude, isso sem dúvidas é o que vale mais do que uma ou duas falhas na voz, quem liga a isso no punk e no hardcore! Quando “Gotta Go” começou a ser entoada, todo o público embarcou e transformou novamente a Sala Tejo em caos e destruição, um momento mais do que especial de uma banda que sempre é muito bem recebida pelo público português.
Ainda deu tempo de Stigma e Roger chamar a pequena Clara que estava nos ombros de seu pai no meio do mosh, para subir ao palco e dançar ao som do emblemático cover de “Blitzkrieg Bop” um verdadeiro hino do punk mundial e que certamente a pequena jamais ira esquecer.









BAD RELIGION
As 22 horas todos os presentes na Sala Tejo estavam ansiosos no aguardo pela entrada daqueles que não são novidades nem figura rara em Portugal, pelo contrário, mantém a aproximação com o público daqui com ‘shows’ frequentes, este é o terceiro em seis anos, todos lotados mostrando bem o carinho do público português com a banda.





Não há também nenhuma novidade desde a última vez que estiveram aqui, com a turné do álbum “Age of unreason”, em 2019. Assim, eles reformularam o setlist com um apanhado da carreira e a vantagem de celebrar 45 é que tem muito por onde pegar. E quando começaram os primeiros acordes de “Recipe for Hate” se você estivesse na metade da frente da Sala Tejo não teria como não entrar no “mosh pit” e então chegou “Supersonic” e momentos depois “No Control” e aí sim realmente não houve controle nenhum, o público foi a loucura e o ambiente era o mais agradável possível para quem gosta do verdadeiro hardcore.
O vocalista Greg Graffin professor que é soube controlar o público como poucos, falando pouco e mandando verdadeiras pedradas na janela com clássicos atrás de classicos, vieram “My Sanity”, “I Want to Conquer the World” e “We’re Only Gonna Die”, nesta altura um fã que estava mesmo na grade entregou um disco de vinil do The New America lançado em 2000 para a banda toda assinar algo que foi feito até antes do final do concerto. Outro destaque é o entrosamento de duas lendas do punk e do hardcore nas guitarras, Brian Baker que já está na banda desde 1994 e já tocou com os Minor Threat e Mike Dimkich que entrou em 2013 e cuida dos solos de uma forma primorosa dão a medida sonora mais do que certa a banda ao vivo.




Na parte final do concerto começou a surra de hits, um atrás do outro “You”, “Generator”, “21st Century (Digital Boy)”, “Infected” que contou com ajuda do público na parte do Yeah, Yeah, Yeah de forma arrepiante até desaguar em “Fuck You” que encerrou as festividades, ou melhor, uma pausa para um fôlego e o encore que voltou com dois petardos “Sorrow” e “American Jesus” uma das músicas mais conhecidas da banda, era visível a emoção e êxtase de todos os presentes naquele momento, magico como deve ser, magico como sempre será a soma de Bad Religion + Portugal, vida longa aos reis da Califórnia!

Artists: Agnostic Front, Bad Religion, Belvedere, Crim, Strung Out, Trinta e Um