O Metal Junkbox, deslocou-se a Évora, para falar com o guitarrista da banda Above the Ocean, André Vicente.
Para quem não sabe, esta banda eborense, venceu o concurso de bandas feito pelo Comendatio
Music Fest e vão participar na 5ª edição deste festival, que conta com nomes de luxo como Ihsahn,
Vola, Humanity’s Last Breath (em estreia em Portugal), The Cost, a banda do conhecido El Stepario
Siberiano, que faz a sua estreia em palcos precisamente no Comendatio Music Fest.
Os Above the Ocean, foram a banda mais votada, num concurso nas redes sociais e vão abrir o dia 22
de Junho, André Vicente fala-nos um bocadinho sobre a banda e das suas motivações e também
sobre o que está para vir neste concerto e para o futuro.
MJ: André, diz-me quem é que são os Above the Ocean.
AV: Os Above the Ocean, a formação atual, sou eu na guitarra lead e principal compositor e produção
também de tudo que temos de eletrónica, etc, Pedro Santos na guitarra ritmo e composição também,
João Carvalho na bateria, André Bagorro no baixo e José de Saruga na voz e nos gritos e berrarias
(risos).
MJ: Como é que surgiu este projeto? E á quanto tempo?
AV: A formação atual já existe desde 2021, sendo que antes disso a banda existia como conceito e grupo do Whatsapp mas nunca chegou a produzir nada. Na altura até dava pelo nome de Synestesia, era o nome que existia inicialmente. Esse projeto foi formado pelo Pedro, e depois dessa formação, já fazia parte o Saruga e o João, mas Above the Ocean como conhecemos hoje, passou a existir quando eu e o Bagorro entrámos e começámos realmente a trabalhar nas músicas que temos atualmente, e pronto, foi essa a formação que acabou por vingar até agora.
MJ: André fala-me então um bocadinho dessa composição de quando tu e o Bagorro entraram na
banda. Como foram esses tempos?
AV: Então os tempos iniciais são sempre aqueles mais complexos. Conseguir ter umas músicas coesas e estarmos todos virados para o mesmo sentido e a conseguir tocá-las. Quando eu entrei, já tínhamos músicas feitas pelo Pedro, eu depois juntei também o meu cunho pessoal e comecei a compor também coisas, vindas das minhas influências. E a partir daí, conseguimos encontrar um equilíbrio entre, precisamente, as influências de todos nós e chegámos, lá está, aos singles que lançámos, como a “Love Song” e a “Therapy”, e as outras músicas que temos também tocado ao vivo. Surgiram todos a partir desta fusão que encontrámos entre, as influências de cada um.
MJ: Falaste agora das influências da banda. Quais são as principais influências da banda? E de que
género é que influenciaram os dois singles que têm lançados?
AV: Nós embora nos classifiquemos, principalmente, como uma banda de metalcore e metal moderno, a verdade é que temos influências muito variadas e alargadas. O Pedro, por exemplo, vem de uma escola, chamemos-lhe assim, para o Nu-Metal, Slipknot é uma das bandas favoritas dele, o Saruga é Parkway Drive, Landmarks. O Bagorro já vem de uma onda mais do Prog. Eu oiço um bocadinho de tudo, do que são sub-géneros de metal, mas principalmente Metal Moderno, é aquilo que me desperta mais o interesse. O João é um bocadinho como eu, também vai beber um bocadinho de cada estilo e não se prende assim por nenhum sub-género em específico.
Os nossos singles, vêm um pouco, dessa misturada toda que nós temos influências. A “Love Song”, por exemplo, surgiu de um riff, que eu já tinha, mas que nunca tinha desenvolvido para nada, e depois de irmos a um concerto de While She Sleeps, eu vim de lá inspirado, por aquela influência mais eletrónica, das intros e das passagens, cheguei a casa e fiz aquela intro que faz parte da “Love Song” e a partir daí surgiu, todo o resto da música como a conhecemos atualmente. A “Therapy”, foi o nosso segundo single, teve um método de composição diferente, foi o nosso esforço de equipa principal até hoje, teve assim um bocadinho de cada um, portanto, Riffs do Pedro, ideais do Bagorro para o baixo, e a lead guitar, já vinha de mim anteriormente, também tinha sido um riff que tinha feito e nunca tinha usado para nada e depois também claro, chegou o João e deu o cunho pessoal dele aos ritmos, etc, e portanto a “Therapy”, acabou por ser mesmo e até hoje a música que engloba mais um bocadinho de todos, do nosso esforço de banda, digamos assim.
MJ: E as letras? Sabes um bocadinho da história das letras? Sei que a “Therapy” é um grito de
revolta e que acaba também por ser um grito terapêutico digamos assim…
AV: Isso é uma excelente pergunta, temos um bocado a vertente das letras também, puxa um bocado essa vontade de fazer algo de bom e de demonstrar, que não é só gritos por gritar, e o Saruga é excelente nesse aspeto, em ir buscar um pouco à experiência de vida dele, e de deitar cá para fora, esses sentimentos que ás vezes são mais negativos e em transformá-los em algo de positivo. Para quem ouve a “Therapy”, é sem dúvida um desses melhores exemplos, que é uma música, sobre ter vontade de gritar e mandar cá para fora esses demónios, que todos em certa maneira, guardamos e que nos corroem e nos deitam abaixo, portanto, é essa necessidade e esse grito de emancipação, de “OK! Estou aqui e sou mais forte que os meus demónios! Bora lá, estamos aqui para curtir e fazer barulho”.
MJ: Há algum membro que seja mais dificil de trabalhar e compor? (risos)
AV: Na verdade, não querendo entrar naquela de não estar a apontar dedos, para não parecer mal, a verdade é que nós funcionamos todos muito bem em equipa, se tivesse que apontar o dedo, até seria a mim próprio (risos). Na verdade sou aquele gajo, mais perfecionista, e que principalmente, no que toca a gravar, aponta os errozinhos todos e entra logo naquela, “Epá está bom, mas tu consegues fazer melhor!”, então é Take e repete o Take. Nesse aspeto sou um bocadinho mais comichoso, digamos assim. Mas em termos de trabalho, acho que funcionamos todos de forma muito fixe, uns com os outros e entendemo-nos bem e remamos todos na mesma direção. Claro que há vezes que um quer um Riff, vá mais numa direção e o outro “Ah e se fosse assim e fosse assado”, é normal mas no fundo achamos sempre o meio-termo e completamo-nos uns aos outros e isso é o ideal. Não há nenhuma personalidade , que assim, seja mais forte e salte à vista.
MJ: Os Above the Ocean já deram alguns concertos, por aí fora, em Évora, Lisboa e mais
sítios! Vocês como artistas também conseguem avaliar e sentir a energia das pessoas que vos estão
a ver! Como tem sido a reação do público?
AV: Bem, a reação não tem sido nada menos que espetacular, principalmente nos primeiros concertos, tivemos uma reação fantástica ás nossas músicas e até temos atraído muito público diverso e que são adeptos de diferentes géneros, mesmo dentro do metal, e acho que isso também tem um bocado a ver com as influências, que nós conseguimos ir buscar, e a mistura que fazemos dentro do nosso estilo de música. Conseguimos ter um bocadinho de groove de peso, de melodia, também alguma técnica misturada ás partes mais acessíveis como os refrões, etc.
A recepção tem realmente sido, realmente, muito boa, a malta que vem ter connosco e diz-nos que não acreditavam que coisas como as que nós fazemos, eram feitas aqui em Portugal, neste caso especifico no Alentejo. Nós somos uma banda de um meio relativamente mais pequeno e estamos muito gratos por isso, porque realmente tem sido super motivador, para nós ver essa reação, sentir essa energia que o público que nos vê dá.
Também, mesmo nas redes sociais, vivemos muito e sentimos muito, esse apoio, não só da malta amiga, como do amigo do amigo e de quem nos vai descobrindo.
MJ: Há alguma história ou concerto assim mais marcante?
AV: É difícil, não pensar, no concerto que demos na FNAC de Évora, como o mais caricato, teve um estatuto de quase mítico, essa performance (risos), e até hoje, creio que fomos, assim a banda, mais fora da caixa a tocar naquela FNAC, pelo menos no estilo, porque num Sábado á tarde, uma banda como a nossa, tocar num centro comercial, para famílias que andavam lá nas compras e ter o espaço cheio, teve por assim dizer um quê de bastante engraçado, também há uma história nesse concerto que prefiro não revelar. (Risos)
MJ: Falando agora do Comendatio, está quase na data, que vai ser a dia 22 de Junho, acredito que
vá ser, para já, o vosso maior palco até ao momento. Como é que a banda recebeu esta notícia de
terem sido a banda mais votada, fala-nos um bocadinho das emoções que vocês sentiram, como
receberam a notícia que tinham ganho o concurso?
AV: Então nós fomos acompanhando o concurso (de votos) do Comendatio, sempre com alguma expetativa de conseguirmos ganhar. No entanto, é daquelas coisas que nunca está garantido não é? (risos). Havia sempre nervosismo, será que conseguimos? Será que não? Mas quando recebemos a notícia estávamos na Live, ou será que não? Estou aqui a tentar situar-me! (risos) Mas sim quando recebemos a notícia, ficámos realmente contentes por isso, porque sempre achámos que tínhamos potencial, para ir lá, e principalmente, tendo em conta o nosso som, que é assim mais moderno, e que se encaixa perfeitamente, naquele, que é o estilo do festival. Portanto, é isso, ficamos extremamente contentes, quando recebemos a notícia de irmos ao Comendatio, mostrar as nossas músicas, para aquele público e ver qual é a reação.
MJ: André diz-me então, achas que este concerto no Comendatio, vai mudar a banda, vos vai trazer
mais ouvintes e fãs, e em certa forma vos vai fazer em certa forma crescer?
AV: Nós queremos acreditar que sim. Vamos apresentar as nossas músicas, a um público maior e mais variado do que o que já fizemos até aqui. E, para além disso, o entusiasmo que todo este concerto tem gerado também nos faz querer depois, alcançar ainda mais do que o que temos conseguido até agora. Portanto, sem a maior dúvida, que acho que o concerto tem imenso potencial, para poder vir a mudar para melhor os Above the Ocean.
MJ: Acredito que estejam a ensair bastante para este concerto. Sentem algum nervosismo por tocar
no mesmo palco que Vola, Humanity’s Last Breath, no mesmo dia que vocês. Como está essa
ansiedade a nível geral?
AV: Temos ensaiado bastante sim, e o nervosismo apesar de controlado, pela segurança de que temos tudo para fazer boa figura, acaba sempre por se fazer sentir.
Não deixa de ser uma responsabilidade sermos a banda que abre o dia, ainda para mais tocando com bandas das quais somos fãs, como é o caso de Vola, que o João (Carvalho, baterista) já queria ir ver antes sequer de surgir a possibilidade de tocarmos no festival.
Humanity’s Last Breath, que eu particularmente gosto imenso, muito devido à presença do Buster (guitarrista e produtor), que é uma figura que eu admiro dentro do panorama do metal moderno.
Ainda assim diria, que a expetativa e o entusiasmo, estão para já mais altos que a ansiedade! (risos).
Estamos seguros do nosso set e vamos mostrar ao público do Comendatio Music Fest, que temos muito para dar, e que contamos ficar no radar de muitos futuros fãs, que tenham curiosidade em acompanhar-nos no que vem a seguir.
MJ: Então a nível de projetos para o futuro, vai ser importante, o que está planeado? Vocês já têm
dois singles, como falamos anteriormente, está previsto sair mais alguma coisa? Um single, um EP,
um álbum?
AV: Estamos a gravar o nosso álbum de estreia! A seguir a estes dois singles (“Love Song” e “Therapy”), temos pelo menos mais dois singles programados, um deles já está quase finalizado, estamos ainda a limar algumas arestas e contamos lançá-lo brevemente, mas sim principalmente será o nosso álbum de estreia, e sentimos essa necessidade, de pôr cá para fora, as músicas que temos vindo a tocar nos nossos concertos, e começar a fazer coisas novas, até porque nós temos apostado muito no audiovisual. Lançar músicas, juntamente com os vídeo clips, que tem sido tudo algo feito, por nós internamente, enquanto banda, e tem consumido mais tempo do que aquele que seria o ideal. Portanto vamos tentar agilizar um pouco mais a coisa (risos), para conseguirmos ter mais música cá fora em vez de lançarmos os singles e os vídeos a conta gotas como tem sido até aqui.
MJ: Como referiste têm dois singles mais dois planeados, mas quantas músicas podemos esperar
nas vossas performances ao vivo?
AV: Ora assim pensando, por alto, nós temos até ao momento, deve estar a rondar á volta de sete ou oito músicas, assim por média de concerto, dependendo também do tempo do concerto em si. Se bem que é algo engraçado, porque nós, em termos de músicas, nós temos imensas, e há uma discrepância grande, porque nós felizmente não temos problemas e dificuldades e compor, e até temos de fazer uma seleção e voltar a aprender a tocar algumas muitas vezes. Já para o álbum, também vamos ter de fazer um apanhado, que são no caso, as músicas que nós tocamos mais regularmente neste momento, porque se não, tínhamos material á vontade para lançar dois álbuns e meio (risos), para tudo o que já temos e no caso para o que vem a seguir.
MJ: Podemos esperar alguma música surpresa no Comendatio? Algo que nunca tenham tocado?
AV: Quem sabe! Nós tivemos o cuidado de escolher uma setlist mais enquadrada com o festival, e uma das músicas que vamos tocar, vai ser precisamente o próximo single, que não é necessariamente nova, porque já a tocamos ao vivo e estamos empolgados para saber qual vai ser a reação do público do Comendatio ás nossas músicas.
MJ: Para além do Comendatio, que acho que vai ser um dos vossos maiores concertos, também vão
tocar em Julho, ao RCA Club, que é uma das casas míticas de Lisboa. Vocês já tocaram em Lisboa,
numa sala mais pequena, e ir ao RCA pode ser também uma boa alavanca, por ser uma casa onde já
passaram grandes bandas.
AV: Sim, estamos também muito entusiasmados, por ir ao RCA, para já, por ser o nosso regresso a Lisboa, e lá está, como disseste a uma sala mítica, com excelentes condições, estamos realmente entusiasmados de regressar á capital e darmos novamente o nosso melhor, desta vez, para um público maior do que o da última vez que fomos a Lisboa, e claro também apresentar mais músicas, que na altura não tínhamos, e receber o convite para o RCA e participar nesse festival, com bandas internacionais também, foi muito bom e queremos ir lá fazer boa figura.
MJ: Podemos dizer então, que este verão, vai ser um bom verão para os Above the Ocean…
AV: Sem dúvida alguma! Vai certamente ser o nosso verão mais ativo, até agora, e estamos muito gratos por ter a oportunidade de praticamente, sim, quase todos os meses de verão termos um concerto marcado ou alinhavado, para andarmos por ai fora a espalhar o nosso som por esse público!
MJ: Voltando aqui aos singles, a “Love Song” tem uma versão Lo-Fi Synthwave, que eu tive
oportunidade de ouvir, e curiosamente essa música tem um intro muito semelhante a música
“Everything Ends” dos Architects, que por acaso, sou um grande fã, no entanto a vossa versão saiu
uns meses antes, como reagiram a ouvir aquele excerto?
AV: (Risos) Já houve algumas pessoas que nos comentaram essa situação! Pronto, se tivesse sido ao contrário, era mais chato, por termos copiado, os Architects, mas a nossa saiu primeiro, mas não deixa de ser curioso, porque os Architects, acabam por ser também uma das nossas grandes influências também. Essa versão da “Love Song”, acabar também por nascer, das minhas brincadeiras, mais para as vertentes eletrónicas, e não querendo estar aqui a revelar demasiado, é possível que no álbum haja mais surpresas desse género. Aliás nós fazemos uso da eletrónica também, como se pode ouvir na Therapy, que tem algumas partes, sample heavy, e gostamos muito de explorar vertente, não só o metal, mas também a parte eletrónica. Mas sim, é uma história engraçada, e acho excelente em termos de composição e produção, porque é sinal que estamos a chegar lá e a pensar como as grandes bandas. (Risos)
MJ: Antes desta entrevista, estivemos um pouco á conversa, e acabámos por falar do vosso Merch,
e referiste que és tu que fazes os designs do vosso merch. Onde é que te inspiras, para fazer esses
designs? O Merch é muito importante para as bandas e o vosso tem tido boa aderência e isso
também vos ajuda a crescer.
AV: Sem dúvida que nos tem ajudado, e como disseste, é uma das formas que as bandas conseguem ir buscar algum dinheiro, além dos concertos, é precisamente o merchandise, e em termos de inspiração, eu costumo inspirar-me normalmente no conteúdo lírico das músicas ou até no que elas me fazem sentir, digamos assim. Claro que ter-me a mim enquanto designer, é poder apostar nessas coisas dentro da banda, tem sido uma mais valia para nós. Também temos o Bagorro, que trabalha com vídeo, e que é uma grande ajuda no que toca aos videoclipes, trabalhando em conjunto com o Diogo Fragoso, que é praticamente um membro honorário da banda, tem feito um trabalho excelente e portanto essa componente que nós temos, de não sermos só músicos e conseguirmos ser multifacetados, tem ajudado bastante a banda.
MJ: Muito obrigado André por este tempinho, nesta belíssima cidade de Évora.
Artists: Above the Ocean
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