No passado sábado à noite, assisti a uma noite memorável de metal, onde o progressivo e o
folk metal estiveram em grande destaque. O melhor de tudo foi que os concertos foram
conduzidos por duas bandas lideradas por vozes femininas poderosas — os hipnóticos
portugueses Insvla e os intensos suíços Cellar Darling.
A noite começou com os Insvla, que subiram ao palco para a sua estreia ao vivo. Confesso
que ouvi a banda pela primeira vez apenas um dia antes do concerto — e já tinha gostado
bastante —, mas vê-los ao vivo deixou-me ainda mais impressionada. Apesar de ser a
primeira actuação da banda, mostraram uma presença sólida em palco, cheia de
expressividade e com uma identidade sonora já bem definida. Além disso, a voz da vocalista
Sienna Sally cativou-me com o seu timbre melódico, delicado e, ao mesmo tempo, cheio de
energia.
A banda executou sete músicas, e uma delas contou com a participação especial de Paulo
Gonçalves (Fonte, Rasgo), que se juntou à banda na poderosa e pesada The Monstress —
que, aliás, já se tornou a minha preferida e está em repeat desde então. Para um concerto
de estreia, impressionou a forma como o grupo conseguiu criar uma ligação imediata com a
plateia, que respondeu com entusiasmo genuíno a cada tema apresentado.
Formados em 2016 por três ex-membros dos Eluveitie, os suíços Cellar Darling — Anna
Murphy (voz e multi-instrumentista), Ivo Henzi (guitarra) e Merlin Sutter (bateria) —
destacam-se pela sua sonoridade única e atmosferas emotivas. Este regresso a Portugal,
após a última passagem em 2017 como banda de apoio dos Lacuna Coil, contou com
concertos em Lisboa, na República da Música, e no Porto, no Hotel Mouco.
Sem muitas delongas, a banda abriu o concerto com o tema Pain, do seu segundo álbum
The Spell (2019), que impressiona pela forte presença do hurdy-gurdy (ou viola de roda) —
um instrumento de origem medieval, com raízes que remontam ao século X. O seu som
característico conferiu um fundo melódico e rítmico que acompanhou a música do início ao
fim.
Na sequência, veio Death, também do mesmo álbum, que, com toda a sua melancolia, me
transportou para outra dimensão — graças à voz mágica de Anna Murphy e ao maravilhoso
solo de flauta. Foi simplesmente épico!
Para acrescentar mais peso à apresentação, a banda tocou o tema Black Moon, do primeiro
álbum This Is the Sound (2017), e nesse o que chama a atenção é a transição fenomenal de
solos entre o hurdy-gurdy e a guitarra. Em seguida, vieram outras músicas do mesmo
álbum, como a psicadélica e rítmica Hullaballoo, que trouxe uma vibe mais folk àquela noite,
e depois The Hermit, com uma atmosfera mais progressiva.
Por volta da metade do concerto, a banda trouxe um momento mais lírico e melancólico com
The Spell, faixa-título do segundo álbum. A voz de Murphy, delicada e intensa, deu ainda
mais força ao tema, cuja atmosfera sombria e emocional pareceu ter hipnotizado o público.
A banda seguiu alternando temas dos seus dois álbuns, This Is the Sound e The Spell,
mantendo o equilíbrio entre peso e melodia. Já perto do final do concerto, apresentaram o
single Dance, lançado em 2021 durante a pandemia. Em seguida, surpreenderam o público
com a estreia de Drone, uma faixa ainda não lançada, que despertou curiosidade e
expectativa sobre os próximos passos da banda.
Durante vários momentos do concerto, Anna interagiu com o público de forma bem-
humorada e foi calorosamente recebida — não só ela, mas toda a banda. Ainda assim, o
maior destaque, sem sombra de dúvida, foi a vocalista e multi-instrumentista, que alternava
entre teclado, flauta e hurdy-gurdy com maestria e encanto.
Ou seja, mais do que apenas a escolha das músicas, foi a entrega em palco que manteve o
público totalmente absorvido — uma presença cativante, entre o teatral e o intimista.
No fim, saí da sala com aquela sensação rara de ter presenciado algo especial — não
apenas dois concertos bem executados, mas duas experiências intensas, emotivas e
genuínas. Os Insvla surpreenderam pela força da estreia, enquanto os Cellar Darling
provaram, mais uma vez, porque são uma das bandas mais singulares e cativantes da cena
contemporânea.
Venue: República da Música, Lisbon
Artists: Cellar Darling
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