GREEN LUNG + UNTO OTHERS + SATAN’S SATYRS no Lisboa ao vivo

Quando a tour  “Heathen Neverlands Tour” foi anunciado em Lisboa contando com a participação de duas das bandas mais celebradas da atualidade como os britânicos Green Lung e os norte-americanos Unto Others a expectativa já saltou aos patamares mais altos possíveis por acompanhar de perto aquilo que estas duas bandas vem entregando, principalmente em seus álbuns mais recentes. A tour ainda teve a participação de outra banda norte-americana Satan´s Satyrs, confira a review completa logo abaixo.

SATAN’S SATYRS

Confesso que conhecia pouco ou nada sobre o Satan´s Satyrs, apenas que era a banda capitaneada por Clayton Burgess ex-baixista do Electric Wizard. E o quarteto da Virgínia responsável por abrir as festividades e aquecer a noite fria na ultima sexta feira dia 28 de fevereiro surpreendeu desde o inicio.

Com pouco tempo para cativar o publico a banda que apresenta um mescla bem coesa entre o doom e o psicadelismo com muito peso , intensidade e uma certa sonoridade crua que começou logo com “Full Moon And Empty Veins” e “Pulp Star” que apesar de agressivas foram um pouco prejudicado pelo som que ainda estava um pouco embolado , confuso que só começou a melhorar do meio para o fim do concerto. O publico que já estava em bom numero nunca se empolgou mas se fez presente desde o inicio curtindo musicas como “Show Me Your Skull” e a faixa que encerrou a apresentação “Alucard”.

UNTO OTHERS

Conheci a banda norte-americana UNTO OTHERS em 2022, quando abriram o concerto do Carcass, Behemoth e Arch Enemy e logo de imediato fiquei impactado com tamanha identidade e sua mescla bem feita entre a atmosfera gótica dos anos 80 com o heavy metal. Eis que a banda liderada pelo talentoso vocalista e guitarrista Gabriel Franco volta a Portugal , mas precisamente a Lisboa para apresentar o seu mais recente álbum, lançado em setembro de 2024, “Never, Neverland”.

O quarteto de Portland, Oregon começou a festa já com a sala 2 do Lisboa ao vivo abarrotada e despejando logo musicas do seu novo álbum “Butterfly” e “Momma Likes the Door Closed” a banda apresentaria ainda outras musicas deste trabalho , defendendo muito bem este que é apenas o terceiro álbum do Unto Others.

Com pouco tempo para se apresentar , o quarteto não perdeu tempo e apresentou verdadeiro hinos de uma banda que tem apenas cinco anos de vida com o nome Unto Others, já que antes era conhecido como  Idle Hands, mas ao ouvir temas como “Nightfall” e “Jackie” do primeiro álbum Mana que obteve grande resposta do publico , nesta altura mesmo quem não conhecia tanto a banda já havia sido cativado pela mescla moderna de The Mission com Type O Negative que o Unto Others conseguem imprimir de forma primorosa. As faixas mais celebradas e cantadas foram sem duvidas “Suicide Today” , “Raigeki” , “Can You Hear the Rain” do belissimo EP Don’t Waste Your Time quando ainda eram Idle Hands. Sobrou tempo ainda para uma cover mais do que especial do Ramones “Pet Sematary” que certamente todos ali presentes cantaram a pleno pulmões e que eles gravaram em “Never, Neverland”.

No final para encerrar esta segunda passagem por Lisboa a banda voltou as origens e soltou dois petardos “«Dragon, Why Do You Cry” seguido por “Give Me To The Night” que finalmente cativaram a grande maioria que saia para uma pausa de cigarro com comentários positivos sobre o quarteto que entregou tudo e mais um pouco nesta noite incrível.

GREEN LUNG

O melhor estava por vir , quando o Green Lung adentrou o palco do Lisboa ao vivo a casa estava completamente cheia e a espectativa estava nas alturas para conferir a estreia dos britânicos em solo português e meus amigos o que aconteceria aqui nesta sexta-feira 28 de fevereiro seria algo memorável.

Desde a sua estreia em 2017, o quinteto tem vindo a conquistar o público e a crítica, especialmente com os álbuns “Woodland Rites” (2019), “Black Harvest” (2021) e “This Heathen Land” (2023), um trabalho de formiga e resiliência que tem consolidado a banda como uma das mais celebradas da atualidade e quem teve o privilegio de conferir in loco a potencia dos caras sabe bem disso. Quando os primeiros riffs de “Templar Dawn” soaram o ambiente e a atmosfera mudou como se estivemos iniciando um ritual , com a cabeça de Ooser a nos observar e observar o frontman Tom Templar que é simplesmente assombroso, o que ele consegue fazer com seu alcance vocal é assustador , sua presença de palco é brilhante e nos remete a vocalistas teatrais como Dio e Alice Cooper é quase como hipnótico.

Seguiu se petardos alucinantes como “Mountain Throne”, “Reaper’s Scythe” e “Lady Lucifer” que incendiaram o publico presente já começando um bate cabeça pela primeira vez na noite , pesado, brutal e com riffs matadores ficou fácil ser engolido pela sonoridade do Green Lung. Quando “Song Of The Stones” começou o ambiente deu uma acalmada e serviu para um descanso momentaneo que se tornou uma admiração hipnótica tamanho o controle que o quinteto consegue apresentar, poucas vezes vi uma banda tão preparada e segura de si com tão pouco tempo de vida. Após este momento mais profundo quem conseguiu descansar descansou e quem não conseguiu logo tirou energias para a agressiva “Woodland Rites” seguida de verdadeiras pérolas como”Maxine (Witch Queen)” e “Graveyard Sun” e nessa altura o quinteto já tinha o publico português presente nas mãos.

Após uma breve pausa , a banda voltou nos braços do publico para encerrar a apresentação com “Old Gods”, “Let The Devil In” e “One for Sorrow” deixando claro toda a sua competência ao cativar todos os presentes , tenho poucas duvidas que a próxima vez que vierem a Portugal a sala 2 do Lisboa ao vivo será pequena , para os Green Lung que cada dia que passa se consolida mais e mais para um crescimento que estamos a ver de olhos e ouvidos postos.

Artists: Green Lung