Reviews de Shows

O dia que os Accept deu uma aula sobre o que é Heavy Metal em Lisboa

No último dia 14 de junho, Lisboa recebeu uma descarga de metal alemão daquelas que ficam na memória. Os Accept subiram ao palco do Lisboa ao vivo com a energia de quem está começando, mas com a experiência de quem já viu (e sobreviveu a) todas as fases do metal. Foi uma noite de riffs pesados, refrões poderosos e um público que respondeu com força a cada música. Se você acha que o heavy metal está a ficar velho, esse concerto veio provar exatamente o contrário.

O concerto marcou o retorno do grupo a solo nacional, após a última atuação por cá em 2017, foi sim uma longa espera nesse meio tempo para voltarmos a ver a potência de Wolf Hoffmann e a sua trupe. Poucas vezes vi uma fila tão grande antes de um concerto começar no Lisboa ao Vivo , com os bilhetes esgotados a produtora Free Music Events optou por atrasar meia hora o concerto e foi uma decisão muito bem acertada, as 21:30 pontualmente os lendários alemães entravam no palco e nem foi preciso banda de abertura para esquentar o recinto, bastaram os primeiros acordes de “The Reckoning” para o público delirar e provar que já era a altura dos Accept passarem por cá novamente. Com o concerto baseado no seu mais recente álbum Humanoid lançado em 2024 era, mais do que natural que a banda defendesse este trabalho com músicas como “Frankenstein”, “Humanoid”, “Straight Up Jack” e “The Reckoning” e sinceramente todas funcionaram com o público e trouxe um frescor ao alinhamento equilibrando perfeitamente com clássicos da banda.

O ambiente era eletrizante, a banda fazia pausas curtas entre os temas, solavancos nos solos, e o público foi a loucura, gritando “Accept! Accept!” em uníssono antes mesmo da primeira nota soar. Segui-se um trio de clássicos imponentes como “Restless and Wild”,” London Leatherboys” e “Living for Tonite”, e logo depois o momento clássico foi o medley destruidor “Demon’s Night / Starlight / Losers and Winners / Flash Rockin’ Man” onde ficou claro todo o entrosamento do hoje sexteto, ter um guitarrista como Wolf Hoffmann já é incrivel, adicione Philip Shouse e outro lendário Uwe Lulis que fez carreira no Grave Digger e a potência fica no mais alto nível. É impossível assistir a um concerto dos Accept hoje sem reconhecer o impacto de Mark Tornillo. Desde que assumiu os vocais em 2009, ele não só manteve a banda viva após a saída de Udo Dirkschneider, como também redefiniu a fase moderna do Accept com energia, carisma e uma entrega vocal que continua surpreendente, isto fica claro na quantidade de músicas da sua era no set list e no seu desempenho em clássicos como “Breaker” ou “Princess of the Dawn”.

E aqui entramos na parte final do concerto que teve a duração de duas horas que passou num instante, com os primeiros acordes de “Metal Heart”, veio aquele misto de nostalgia e virtuosismo. A introdução com citação a Beethoven continua a ser uma das marcas mais icónicas do metal, e ao vivo soa ainda mais épica A precisão cirúrgica da banda brilhou aqui: baixo e bateria sólidos como concreto, guitarras afiadas como navalha. O público não parava, punhos erguidos, coros em uníssono e olhos vidrados no palco emocionaram certamente muitos que ali estavam. Depois duas que já conquistaram o seu lugar entre os clássicos, “Teutonic Terror” e “Pandemic” da fase Tornillo, mantiveram a energia nas alturas. Mostrando que o Accept atual não vive só de passado, com Tornillo em plena forma, cuspindo cada verso como se fosse o último, a resposta do público foi imediata.

Após uma curta pausa, veio o encore e o clímax absoluto com a potência revolucionaria de “Fast as a Shark” um speed metal que influenciou toda uma cena que acabaria por virar o thrash metal de certa forma, mas foi com “Balls to the Wall” que o ápice emocional chegou. O riff eterno ecoou pela sala e o refrão foi gritado por todos os cantos. A música que define o Accept encerrou o concerto com grandiosidade, provocando abraços, euforia absoluta e um coro final que parecia não querer terminar, e quando já se achava que tudo tinha acabado… veio a cereja no topo: “I’m a Rebel”. Um encerramento perfeito, com um tom quase celebratório, foi como uma despedida com sorriso no rosto de satisfação por presenciar uma verdadeira aula de como se entregar um concerto de puro heavy metal, não poderia ser diferente os pioneiros do heavy metal alemão sabem bem como fazer e vão com a certeza que serão sempre bem recebido por cá.

Accept Setlist

Venue: Lisboa ao Vivo, Lisbon

Set:

  1. The Reckoning
  2. Humanoid
  3. Restless and Wild
  4. London Leatherboys
  5. Living for Tonite
  6. Straight Up Jack
  7. Midnight Mover
  8. The Abyss
  9. Demon's Night / Starlight / Losers and Winners / Flash Rockin' Man
  10. Frankenstein
  11. Son of a Bitch
  12. Dying Breed
  13. Breaker
  14. The Best Is Yet to Come
  15. Shadow Soldiers
  16. Princess of the Dawn
  17. Metal Heart
  18. Teutonic Terror
  19. Pandemic

Encore:

  1. Fast as a Shark
  2. Balls to the Wall
  3. I'm a Rebel

Artists: Accept

Vitor Lage

Recent Posts

MONO INC. – Lost in Pain

Com mais de vinte anos de estrada a consagrada banda alemã MONO INC., acaba de…

43 minutos ago

Zaki Ali – Dissolve

Para os leitores e seguidores mais assiduos do Metal Junkbox, o talentoso musico Zaki Ali…

47 minutos ago

Nine 9 – Brave

Diretamente do Reino Unido a banda None 9 , acaba de lançar o seu mais…

51 minutos ago

Tuk Smith & The Restless Hearts – Troubled Paradise

A banda norte-americana Tuk Smith & The Restless Hearts, acaba de lançar o seu mais…

1 hora ago

Laszloo – Push

O Multi-instrumentista sueco e compositor Laszloo, acaba de lançar o seu mais recente single intitulado…

1 hora ago

Merah – Sons of thunder

A banda Merah acaba de lançar o seu mais recente single intitulado "Sons of thunder"…

1 hora ago